quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A Única Coisa Prematura deveria ser a Informação!

Sobre a prematuridade e a incompetência cervical

Hoje, faz exatamente 75 dias que entrei em repouso, é um sabático quase sem fim com o tempo vazio e o coração cheio. E a cabeça? Ahhh... a cabeça... Essa anda em ritmo próprio com dias que seria capaz de concluir uma faculdade online em poucas semanas e outros que são eternos domingos mentais.

Coincidentemente, ontem foi o Dia Mundial da Prematuridade que visa divulgar os impactos do crescente nascimento de bebês prematuros o que me motivou ainda mais a escrever esse post, sobre Incompetência Istmo Cervical (IIC) - uma "doença" silenciosa, assintomática, desconhecida e mortal..

Há pouco tempo, descobri que não estou sozinha nessa jornada. Há um mundo que se cruza e se encontra na internet. Somente em um grupo do Facebook, há mais 4 mil mulheres na mesma situação com histórias de insucesso, vitória e esperança.

E é para esclarecer (um pouco) essa condição que dedico esse post. Lembrando que eu não sou médica, sou somente curiosa. Consultar um médico e nesse caso, um especialista em gravidez de risco é essencial.

Antes de qualquer coisa, uma questão de anatomia básica:
O colo do útero é a porção inferior da cavidade uterina por onde passa o bebê no nascimento. Esse canal, em condições normais, é responsável por "segurar" o peso do bebê, se mantém fechado em toda a gravidez e vai diminuindo seu comprimento gradativamente, até que, no trabalho de parto, ele fica tão fino que começa a abrir - a famosa dilatação.

Esse canal durante a gravidez deve se manter acima de 3cm e sofrerá um encurtamento natural no final da gestação.

Basicamente, a IIC é uma condição na qual o tecido do colo do útero  é mais fraco do que deveria, assim, durante a gestação, o peso do bebê faz com que o colo afine e se abra facilmente (geralmente por volta da 20a. a 24a. semana), causando um nascimento antecipado quase sem trabalho de parto. Na maioria das vezes, é tão prematuro que o bebê não tem chance alguma de sobrevivência. Aproximadamente, 1/4 dos abordos tardios (após 12a. semana de gestação) ocorrem por isso.

O que me assustou sobre o assunto é a falta de conhecimento e consenso médico, pesquisas e etc... Há pouquíssimos estudos, a única técnica existente para evitar a perda é de 1960, a maioria dos médicos são despreparados ou não buscam identificar a IIC (antes e durante a gestão), falta informação, não há sequer uma categorização de "níveis" de incompetência e com isso, faltam protocolos de tratamento. Até livros de maternidade (tipo o chatíssimo - opinião particular - "O que esperar enquanto se está esperando") ou sites para gestantes não contêm informações que possam direcionar as mulheres. Muitos colocam somente como encurtamento de colo, mas a IIC é mais do que isso, é uma fragilidade total do tecido.

A pouca literatura sobre o assunto diz que, aproximadamente, 1% a 5% das mulheres apresentam essa fragilidade de colo. Eu acredito que esse número é mais perto dos 5 do que do 1, porque IIC é subdiagnosticada e, via de regra (e dessa vez, eu sou exceção), o diagnóstico é tardio, ou seja, a mulher descobre que tem IIC após perder o bebê. Outro dado assustador é que a maioria somente é diagnosticada após perder o segundo (após a 2a. perda, o índice de mulheres com insuficiência cervical é praticamente 1/3).

O que causa a IIC?
 Tem quem nasce assim (IIC primária) ou pode ser adquirida (IIC secundária), ou seja, causada por traumas e agressões no colo (cauterizações, dilatação para curetagem, partos com forceps... são possíveis causas). Ou seja, a mulher pode não apresentar IIC na primeira gravidez e apresentar a partir da segunda devido a um parto mais 'forçado' ou outro procedimento invasivo.

Como diagnosticar?
Então...eis o problema!
Há alguns exames ginecológicos que podem indicar, mas não são os exames de rotina e pouquíssimos médicos solicitam a não ser em alguma investigação especifica (o que, de certa forma, eu entendo, porque se quem usa o serviço público mal consegue agendar um ultrassom). Pelo o que eu estudei, nenhum deles é conclusivo, mas o conjunto da obra pode ser.

São eles:

- Histeroscopia: é um exame feito em alguns laboratórios e hospitais, é invasivo e tem por objetivo verificar a cavidade uterina através de uma câmera. Obviamente que, para chegar lá, a câmera precisa passar pelo orifício do colo que será avaliado tanto morfologicamente quanto a passagem em si. Em uma mulher que nunca teve filhos, se o aparelho passar fácil, pode ser um primeiro indício. É o mesmo princípio da técnica das velas de Hegar, uns "palitinhos" de espessuras diferentes que o médico passa pelo canal, quanto maior o calibre e a facilidade de passagem pior a situação do colo. (Ser mulher não é fácil não e depois, os  homens reclamam do exame de toque, fala sério!...)

- Histerossalpingografia: é um raio X do útero, trompas e etc... mas, para isso, a cavidade uterina é preenchida com contraste. Também é feito em laboratório de diagnóstico, mas é dolorido e desconfortável. Além disso, muitos médicos que fazem o laudo não analisam o canal e se concentram nas trompas (porque esse exame indica entupimentos e etc). Se o médico de rotina não for experiente em ver a chapa do exame pode não identificar também. Mas pode-se dar a sorte que eu tive em ter os dois médicos preparados! Se você morar em São Paulo e tiver convênio, eu recomendo a Dra Carmen Navarro da equipe da Unifesp. Ela atende no laboratório Cura. Foi o único exame que eu fiz que outros médicos disseram:"eu só vou ver o laudo porque foi a Carmen que fez".
PS: para mulheres curiosas que gostam de ler laudos e tentar desvenda-los antes dos médicos, para o laudo desse exame, é melhor nem tentar, até quando o resultado é normal, os termos são intraduzíveis.

- Ultrassom: durante a gravidez, logo no início é possível diagnosticar a IIC se for realizada a medicação e acompanhamento das dimensões do colo. O US é um exame super simples que todas as mulheres já devem ter feito, mas, honestamente, conheço quase nenhuma gestante que o médico pediu essa medida no início da gestação. Muitos médicos somente solicitam, se houver histórico. Se o seu médico não pedir, a paciente pode pedir para o médico ultrassonografista na hora do exame mesmo.

Como tratar?
Tratamento no sentido estrito da palavra não existe. O que existe são técnicas e medicamentos para viabilizar uma  gravidez mais tranquila.

Cada médico tem uma conduta, mas o procedimento mais comum é o que chamamos de cerclagem ou circlagem. É um procedimento cirúrgico que literalmente amarra o colo (tipo um embrulho de
presente).

Se realizada de forma preventiva, entre a 13a. e 16a. semana, as estatísticas apontam para um parto viável entre 75% ou mais dos casos. Se for realizada de forma emergencial (o colo já apresenta dilatação) e após a 18a. semana, as estatísticas não são claras quanto ao seu benefício, porque quanto mais avançada a gravidez, maior o risco do próprio manuseio cirúrgico estimular um trabalho de parto. Entretanto, nesse grupo da internet que faço parte, há muitos casos de sucesso com cerclagens de emergência.

Após a 24a. semana, em decorrência do tamanho do bebê e da viabilidade do nascimento e sobrevivência (leia mais aqui), os clínicos não aconselham.

Os riscos. Toda cirurgia tem risco. Para a cerclagem, os principais são infecções e perfuração da placenta (em caso de idade gestacional avançada). A escolha de um cirurgião experiente é um grande fator de sucesso!!

Outros cuidados. Tem uma batelada de remédio!! Eles visam inibir contrações e dilação precoce, além de reforço com progesterona (o hormônio da gravidez), mas cada médico tem uma conduta diferente.

Repouso, repouso, repouso. A gravidade é cruel em muitos sentidos. Não é a toa que as pessoas fazem plástica quando o rosto começa a cair. Agora, imagine você, com um saco de 1kg de arroz dentro da barriga!Isso é o que pesa um bebê no início do 7o. mês de gestação! O repouso visa evitar o peso desse bebê nesse tecido fragilizado abra o colo ou force os pontos. Para as mães sem cerclagem, o repouso é absolutamente a única chance da gravidez se completar.

Há um site, que entra em detalhes sobre a cerclagem: www.cerclagem.com.br

E como faz para o bebê nascer?
Há condutas diferentes: alguns médicos já retiram os pontos na 36a. semana, pois o bebê está apto a nascer e aguardam somente o momento em que a mãe entra em trabalho de parto normalmente. Outros, somente retiram os pontos quando a mãe dá entrada no hospital já em trabalho de parto.

Mesmo se a gestante for fazer uma cesária, é necessária a retirada dos pontos. Pois toda a manipulação pode ocasionar rompimentos no colo.

Algumas literaturas desaconselham que mulheres cercladas façam parto normal, em decorrência de formação de fibrose (tipo uma cicatriz) nos pontos, o que impediria uma dilatação de "qualidade", ou de aumento da fragilidade do colo que pode por em risco uma segunda gestação. Mas, não há um consenso sobre isso também, pois, se houver a dilatação necessária para o nascimento sem pressão, não haveria problemas.

Para as futuras mamães com IIC, os casos de sucesso são muitos! Para as futuras mamães que não sabem se são portadoras dessa condição, peçam a medição e acompanhamento do colo, não custa mais e pode evitar muita dor de cabeça!

Outras leituras e fontes:

http://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/viewFile/132/pdf
http://www.barini.med.br/questoes/11/pg/perguntas_e_respostas_sobre_a_iic_incompetencia_ou_insuficiencia_istmo_cervical

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Comer Bem que Mal Tem!


Muita delícia, pouca bagunça!


Uma coisa boa de sabaticar totalmente é que eu me livrei de trabalhos domésticos, que não tenho muita vocação (eu só gosto daqueles serviços inusitados - tipo montar uma mesinha). Por isso, admito ter uma predileção por atalhos. E o blog é uma excelente forma de compartilhar os meus caminhos mais curtos, mesmo que eu não esteja utilizando.

Por isso, resgatei do meu blog antigo (Pela Porta de Casa), o 1, 2, 3 e PIN! Uma sessão dedicada a coisas extremamente fáceis de fazer e que deixam pouca bagunça. Esse é o caso do Salmão com Gorgonzola! Delicioso! 

O que você precisa:
- Salmão espalmado limpo (é quando o salmão vem cortado no meio, tipo um filé, mas com a pele) de 150 a 200 gramas por pessoa
- Um pedaço de gorgonzola (aquele queijo mofadinho, como ele já salgado, não coloque sal)
- Papel alumínio
- Assadeira
- Ralador

Cubra a assadeira com o papel alumínio (é ótimo porque depois é facinho lavar a assadeira...).
Coloque o peixe com a pele virada para baixo e rale o queijo por cima (cuidado com o dedo). Coloque queijo suficiente para cobrir toda a superfície do peixe.




Feche o papel aluminio e coloque no forno (eu coloquei em fogo baixo - o número 2 do botão). Demorou uns 40 minutos. 


 Depois desse tempo, eu vi que o peixe já tinha saído de laranja para rosa. Ficou um pouco de água no fundo da bandeja. Abri o papel alumínio e deixei mais 5 minutos em fogo alto para gratinar um pouco. Delicia total!!!

 

Dicas:
Peça para a peixaria limpar o peixe na hora, se você o comprar já espalmado, corre o risco de estar aberto a muito tempo e estar com gosto de plástico magipac.
Rende: para quantas pessoas você comprar o peixe
Facilidade: nível ZERO
Bagunça: nível ZERO!!! 

Na Na Ni Na Não:
Gratinar não é esturricar. O peixe deve ficar no ponto e molhado, se ele deixar a cor rosa claro para rosa escuro ou laranja torrado é porque ficou muito tempo. 

Desfrute!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

5 Minutos de um Mundo Bom - 05/11

Bebê prematuro sai do hospital em Porto Alegre

Ontem, ao assistir TV, nem acreditei! Foram dois milagres do céu! O primeiro, a notícia dessa bebê que nasceu muito prematura e sobreviveu, mas o melhor foi ver uma boa notícia no Jornal Nacional - há quanto tempo isso não acontecia!!! Existe coisa boa acontecendo por ai, o que me enche de perseverança!

Esse momento de um mundo bom está relacionado a algumas coisas: criança, vida e sonho. Três coisas deliciosas que são constantemente interrompidas e muitas vezes, antes da hora, ainda no nascimento com um parto prematuro.

O Brasil está entre os 10 países com maior quantidade de parto prematuro, quase 10% dos bebês nascem antes de completar 37 semanas de gestação (uma gestação completa se dá com 40 semanas, mas, a partir da 37° semana, o bebê já é considerado 'a termo').

Mesmo com o avançado da medicina, os índices de prematuridade não tem diminuído, entretanto a chance de sobrevivência dos bebês tem aumentado consideravelmente, principalmente em decorrência de novos artifícios e procedimentos para melhorar a respiração, uma vez que o pulmão ainda não está completamente desenvolvido.

Segundo o Hospital Albert Einstein, "bebês prematuros são classificados de acordo com seu tempo de gestação. A partir da 23ª semana de gestação, o feto pode apresentar alguma chance de sobreviver. Até a 28ª-30ª semana, são considerados extremos ou muito prematuros; até a 34ª semana, moderadamente prematuros, e, entre 34 e 36/37 semanas, prematuros tardios. Na gestação de múltiplos (dois ou mais bebês), é mais frequente que o nascimento ocorra antecipadamente. A média de duração em casos de gêmeos é de 36-37 semanas, e de trigemelares, ao redor de 32-34 semanas".


Sem cuidados especializados, bebês nascidos prematuramente correm mais riscos de complicações capazes de gerar sequelas futuras. As principais e mais comuns são:

# De 23 a 24 semanas: taxa de sobrevivência entre 15% e 40%. Com 25 semanas, de 55% a 70%.
Prognóstico: cerca de 20% a 35% poderão ter sequelas graves (paralisia cerebral, deficiência intelectual grave, cegueira, surdez ou uma combinação desses problemas). De 25% a 40% poderão ter deficiências leves a moderadas (formas sutis de deficiência visual, paralisia cerebral leve afetando controle motor, asma crônica, dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento, como transtorno do déficit de atenção).

# De 26 a 28 semanas: taxa de sobrevivência entre 75% a 85%.
Prognóstico: cerca de 10% a 25% têm risco de deficiências graves (citadas acima) e, entre 50% a 60%, de deficiências leves (citadas acima).

# De 29 a 32 semanas: taxa de sobrevivência entre 90% e 95%.
Prognóstico: cerca de 10% a 15% têm risco de deficiências graves (citadas acima) e, entre 15% a 20%, de deficiências leves (citadas acima).

# De 33 a 36 semanas: taxa de sobrevivência superior a 95%.
Prognóstico: o risco para deficiências graves é praticamente o mesmo das crianças nascidas a termo. No entanto, esses bebês têm maior risco de paralisia cerebral leve, atraso no desenvolvimento e problemas relacionados ao aprendizado escolar.

Fonte:http://www.einstein.br/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/os-riscos-da-prematuridade.aspx

A Vitória, bebê da reportagem, nasceu no limite com apenas 24 semanas do tamanho de uma laranja grande e cabia na palma da mão. Tinha mais chance de não sobreviver do que de sair do hospital, mas coisas boas acontecem - ainda bem!

Para ver a reportagem na íntegra, clique aqui

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se Você Gosta de... Guimarães Rosa

Vai adorar Mia Couto!

Hoje, resolvi inaugurar um novo marcador no blog - o "Se Você Gosta de...."!

Nessa minha empreitada sabática, tento chegar ao famoso ócio criativo (não é tão simples como parece...), o que me faz buscar coisas diferentes a todo momento e quanto mais as busco, mais vejo como estão conectadas a coisas já conhecidas.

Esse também é meu comportamento quando entro em uma livraria - se for daquelas encantadoras como a Livraria Cultura da Paulista, melhor ainda! Começo a olhar tudo, prateleiras escondidas, livros de capa bonita e nome feio, livros de capa feia e nome bonito, leio meia dúzia de orelhas, umas tantas páginas e saio com um monte de publicações (obrigada, Mastercard!) - às vezes acerto, outras nem tanto.

Foi dessa forma que conheci Mia Couto - me apaixonei pelo nome do livro (processo extremamente científico, você pode notar): Contos do Nascer da Terra. Tirando isso, não sabia mais nada. Levei o livro para casa e coloquei na minha pilha "para ler". Chegou a hora dele e ele me conquistou.

Primeiro, antes de qualquer gafe: Mia Couto é um homem! Seu nome real é Antonio Emilio Leite Couto. "Adotou o seu pseudónimo porque tinha uma paixão por gatos e porque o seu irmão não sabia pronunciar o nome dele". Nascido em Moçambique, é considerado um dos melhores escritores africanos do século XX (eu também adoro o nigeriano Chinua Achebe - procure-o e você não irá se arrepender).

Mia já escreveu de tudo: de poesia a crônicas. Mas os contos... ahhh os contos!! Ele retrata de forma simples, peculiar e mágica a vida moçambicana. Seus textos me remetem muito aos contos de Guimarães Rosa (e não por acaso): um linguagem um pouco transformada cheia de neologismos para contar uma história (su)real.

“ Meu lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho da sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que, como escritor, devo prestar contas a cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário para ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está sob montões de cinzas” disse Guimarães Rosa e Mia segue a risca esse ensinamento.

Na crítica literária de Petar Petrov, ele escreve: "Mia Couto sugere que o “abrasileiramento da linguagem”, encetado pelos modernistas no Brasil na década de 20 do século passado, serviu de modelo para os moçambicanos descobrirem “a possibilidade de escrever de um outro modo, mais próximo do sotaque da terra, sem cair na tentação do exotismo". Inclusive, se você quer entender melhor como Guimarães Rosa e outros escritores influenciaram a literatura africana - vale a pena ler essa análise de Petar, é um tanto acadêmica (afinal foi feita para esse fim, mas nada de outro mundo).

Se você só quer matar a curiosidade, segue o link de um Conto Mia Couto para ler e dar uma água na boca.

Boa Leitura!


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

5 Minutos de um Mundo Bom - 21/10

Número de superdotados cresce 17 vezes em 14 anos nas escolas do país

É muito comum vermos reportagens sobre jovens americanos que, aos 12 anos, se formaram em engenharia em Harvard e tal...  Uma pessoa superdotada é acima da média em alguma habilidade de forma inata, sem treinamento anterior. Ser superdotado vai muito além de um alto QI e também não significa que a pessoa seja boa em tudo, em geral, o superdotado é muito bom em uma área de conhecimento ou habilidade.

Em vários países, identificar e instruir essas pessoas de forma diferenciada fazem parte de políticas públicas de educação, assim garante-se que, desde os anos primários, os estudantes recebam currículos escolares que o motivem. No Brasil, isso está só começando. É muito comum uma criança superdotada se sentir desmotivada na aula e ser 'diagnosticada' hiperativa, visto que, ao aprender rápido, ela quer passar para a próxima tarefa.

No Brasil, ainda estamos caminhando nesse tópico, mas  boa notícia de hoje é que o número de superdotados identificados cresceu 17 vezes. Isso significa que temos cada vez mais gente preparada para identificar esses jovens e proporcionar a eles condições de desenvolvimento adequadas.

Para ler a reportagem na íntegra,

Para saber mais, recomendo a leitura
 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

10 coisas que comprovam que você teve (ou tem ) uma avó especial

Hoje, faz 10 anos que minha avó Luiza faleceu, depois de lutar bravamente contra um câncer de pulmão (uma daquelas trajetórias que você não deseja nem para seu pior inimigo). Pensei por várias e várias vezes o que eu postaria no face como fiz quase todos os anos - geralmente, uma dedicatória melancólica, recheada da dor da saudades e uma foto nossa - singela, mas feliz.

Mas desisti.

Falar de Luiza (a chamávamos de Mô não sei o porquê) interessaria a mim e a mais uns 20 pessoas dentre os meus amigos que a conheciam bem - poucas pessoas teriam a real dimensão do que a fazia tão especial. Então me pus a pensar em vários compartilhamentos que recebi via facebook e diziam: "15 coisas que somente quem é irmã mais nova sabe", "20 sinais que a maternidade...", "25 coisas que melhores amigas de 20 anos podem contar...". Esse tipo de post invadiu a minha timeline por um mês - uma febre.

Embora, em determinado momento, eu tenha ficado meio cheia de receber esse tipo de comunicação, admito que há algo de honesto e modesto neles: partem da premissa de que a história de um indivíduo pode ter muitas coisas em comum com a de outros, de que o ser humano ainda é passível de se identificar e viver experiências similares. Então, decidi escrever esse post com a certeza de que a minha avó foi especial, assim como muitas outras por ai.

10 coisas que comprovam que você teve (ou tem ) uma avó especial


1-) Os problemas são infinitamente menores depois de um café com leite e um bolo
Quantas vezes você não chegou agoniado na casa da sua avó? (E não precisava ser você, poderia ser qualquer um, pois não há quem não confie nela.) Pode ser a prova matemática, o emprego, a paquera, a sua mãe, um casamento ruim, o carro que você bateu depois de pegar escondido. O mundo VAI acabar - você tem certeza disso! Ela, pacientemente, lhe ouve enquanto ferve o leite e prepara o café. Mal abre a boca. Talvez faça alguma pergunta retórica. Mas, ao final da sua última garfada, ela diz: "fique tranquilo, tudo vai dar certo - uma prova é só uma prova". E, pronto! Só mais uma prova, não o fim do mundo.

2-) A fé move montanhas e uma velinha pode ajudar
Mesmo depois que ela lhe convenceu de que uma prova de matemática era só mais um teste da escola, ou ainda, lhe tranquilizou para AQUELA conversa difícil com o namorado, ainda assim, sua avó acende uma velinha para garantir seu sucesso e iluminar seu caminho.

3-) Há um lugar para todas as coisas
Na casa da minha avó, chamávamos de quarto neta-avó - um cômodo recheado de bagunças, roupas antigas e coisas que somente netos e avó entendiam. Toda avó especial deixa o neto invadir a vida dela e isso se reflete no espaço: pode ser um quarto, uma sala, uma prateleira - com certeza, você deixou alguma bagunça por ali e ela concordou que aquele era o melhor lugar. (PS: isso quando seus pais também não decidem usar a casa da sua avó como depósito e, por ela, tudo bem!)

4-) Brinquedos, para quê?
Os pais dão brinquedos, as avós cortam uma batata e fazem de carimbo ou coletam pedras e pintam de cores diferentes. Massa de pizza. Cola de farinha. Massinha caseira. Você nunca precisou levar brinquedos para a casa da sua avó, porque eles eram absolutamente supérfluos no rol de atividades que elas são capazes de oferecer.

5-) Todos os bichos merecem um lar e são bem-vindos
A expressão não deveria ser mãe natureza e sim vovó natureza. As avós entendem melhor a relação entre os netos e a natureza - é como se elas nos enxergassem como um pacotão. É muito comum ouvir: "o meu cachorro fica na minha avó" ou "na casa da minha avó, tem uma tartaruga" ou "o jardim da minha avó...". O pintinho que você ganhou na feira na Água Branca foi para a sua avó. Sua cidade de formiga, idem! No meu caso, além de diversos bichos, certa vez, decidi criar uma minhoca (claro, na casa da minha avó). Logo após preparar uma "casinha" para a Xuxa (nome da minhoca, mas acreditem era uma homenagem) a "perdi", não sabia de jeito nenhum onde estava. Minha avó achou a Xuxa 15 dias depois dentro do vidro de maionese embaixo da cama dela.

6-) Todo mundo tem alguma habilidade especial
Às vezes, você poderia se achar um ninguém, um feio, chato que não era bom em nada. Todo mundo teve essa fase e pode ser que seus pais nem repararam. Mas a avó vê, sempre consegue lhe provar o contrário e achar seu talento mais escondido - um tocador de gaita, uma pianista, um escultor, uma costureira, um poliglota.

7-) Ela fez você preferir o castigo
Avó usa a experiência. Nunca briga, nem deixa de castigo, gritar então - fora de cogitação! Ela finge que nem viu a sua birra, deve querer lhe enforcar (eu acho...) por causa daquela bagunça, daquela resposta mau criada, mas ela deixa e assiste a tudo impassível. Depois de algumas horas, quando tudo passou e vocês estão vendo a novelinha da tarde, ela se vira e fala calmamente: "a vovó te ama muito, mas hoje você me deixou triste!". E você pensa: "era melhor ter apanhado".

8-) Alimentação Infantil é uma ciência 
Toda avó especial consegue convencer os netos a comer coisas estranhas - coisas que, depois que você cresce, nem acredita que comeu aquilo. Gemada, Biotônico fontora (aposto que sua mãe nunca te deu, mas a sua avó sempre queria te enfiar uma colherzinha), leite quente com hortelã (para matar os vermes). Na minha avó, a onda era salada temperada com limão e açúcar - ela dizia que era uma receita suíça, que os europeus comiam durante a guerra para economizar no sal (hoje, acho que isso não faz o menor sentido, mas funcionava para nos fazer comer alface).

9-) Lembranças são um presente
Sua avó lembra de tudo. Inclusive de histórias que ela nem viveu, mas consegue contar com uma vivacidade ímpar. Sabe contar com detalhes a vida dos avós dela quando pequenos, toda sua ascendência. Guarda fotos, cadernos, cartas antigas que permitam legitimar tudo o que ela lhe diz. As recordações dela não fazem parte do passado, é como se tivessem acabado de acontecer. E o melhor, cada lembrança dela é como se fosse um presente para você.

10-) A Magia mora na casa da sua avó
Só elas encontram coisas que todo mundo procurou e ninguém achou. Ela adivinha justamente aquilo que você queria comer. Somente o bolo dela fica gostoso. Com uma aposentadoria merreca, ela sempre consegue dar presentes legais e sempre tem um troco para o sorvete.  E o principal, ela (pré)sente coisas! Com certeza, você já buscou uma explicação racional. Mas não há! Avós especiais são bruxas, ou fadas, ou qualquer ser que se encaixe nessa classificação. Por isso, são insubstituíveis.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

5 minutos de um Mundo Bom - 08/10

O Ouro é Nosso!


Há 10 dias, todos os dias, eu busco boas notícias, encontro várias, quase nenhuma do Brasil. Sou quase convencida de que meu país está ultimamente a cara da vergonha e da desgraça -  não estou só falando politicamente. O brasileiro em si anda de mau humor. Até o clima por aqui azedou - ou chove demais, ou de menos, ou no lugar errado.

Mas talvez seja uma questão de ponto de vista, de enfoque e até de valores. Convenhamos. Aposto que metade dos homens que eu conheço estão discutindo nos últimos dias o próximo jogo Brasil e Chile, nosso desempenho na próxima Copa (se é que vamos...) - o ouro será nosso?

Nessa semana, o ouro foi nosso. Não nessa copa zilhonaria de 32 seleções, mas sim em uma copa mais modesta e que exige cérebro de verdade! Foram 38 seleções disputando a Olimpíada Latino Americana de Astronomia e Astronáutica e eles, brasileirinhos praticamente anônimos e com recursos limitados, trouxeram para o Brasil 5 medalhas. Não apareceram no Jornal Nacional, nem na capa da Folha. O melhor que conseguiram foi a homepage da Galileu.

E por que essa notícia ganhou o Satiquei?

1) Demonstra como o Brasil tem capital humano de qualidade, basta formação e educação adequada
2) Mostra que existem pessoas que se dedicam a fazer coisas por paixão (Se você quer testar o nível de esforço necessário, sugiro que faça o simulado no site da Olimpíada Brasileira, palavra de quem tentou)
3) Há alguns anos, o governo abriu o Programa Ciências Sem Fronteiras para capacitar estudantes universitários e acadêmicos "buscando promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia". Com a divulgação, financiamento e preparação necessária, essa galerinha pode ser os próximos cientistas do Brasil,

Para saber mais, veja a matéria completa na Galileu.

PS: Enquanto discutimos futebol e descobrimos ilícitas contas na Suiça, uma turma de estudantes faz campanha para arrecadar fundos para ir para as Olimpíadas de Matemática na Índia. É... para termos boas notícias precisaremos rever o conceitos.