terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se Você Gosta de... Guimarães Rosa

Vai adorar Mia Couto!

Hoje, resolvi inaugurar um novo marcador no blog - o "Se Você Gosta de...."!

Nessa minha empreitada sabática, tento chegar ao famoso ócio criativo (não é tão simples como parece...), o que me faz buscar coisas diferentes a todo momento e quanto mais as busco, mais vejo como estão conectadas a coisas já conhecidas.

Esse também é meu comportamento quando entro em uma livraria - se for daquelas encantadoras como a Livraria Cultura da Paulista, melhor ainda! Começo a olhar tudo, prateleiras escondidas, livros de capa bonita e nome feio, livros de capa feia e nome bonito, leio meia dúzia de orelhas, umas tantas páginas e saio com um monte de publicações (obrigada, Mastercard!) - às vezes acerto, outras nem tanto.

Foi dessa forma que conheci Mia Couto - me apaixonei pelo nome do livro (processo extremamente científico, você pode notar): Contos do Nascer da Terra. Tirando isso, não sabia mais nada. Levei o livro para casa e coloquei na minha pilha "para ler". Chegou a hora dele e ele me conquistou.

Primeiro, antes de qualquer gafe: Mia Couto é um homem! Seu nome real é Antonio Emilio Leite Couto. "Adotou o seu pseudónimo porque tinha uma paixão por gatos e porque o seu irmão não sabia pronunciar o nome dele". Nascido em Moçambique, é considerado um dos melhores escritores africanos do século XX (eu também adoro o nigeriano Chinua Achebe - procure-o e você não irá se arrepender).

Mia já escreveu de tudo: de poesia a crônicas. Mas os contos... ahhh os contos!! Ele retrata de forma simples, peculiar e mágica a vida moçambicana. Seus textos me remetem muito aos contos de Guimarães Rosa (e não por acaso): um linguagem um pouco transformada cheia de neologismos para contar uma história (su)real.

“ Meu lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho da sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem deve evoluir constantemente. Isto significa que, como escritor, devo prestar contas a cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário para ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está sob montões de cinzas” disse Guimarães Rosa e Mia segue a risca esse ensinamento.

Na crítica literária de Petar Petrov, ele escreve: "Mia Couto sugere que o “abrasileiramento da linguagem”, encetado pelos modernistas no Brasil na década de 20 do século passado, serviu de modelo para os moçambicanos descobrirem “a possibilidade de escrever de um outro modo, mais próximo do sotaque da terra, sem cair na tentação do exotismo". Inclusive, se você quer entender melhor como Guimarães Rosa e outros escritores influenciaram a literatura africana - vale a pena ler essa análise de Petar, é um tanto acadêmica (afinal foi feita para esse fim, mas nada de outro mundo).

Se você só quer matar a curiosidade, segue o link de um Conto Mia Couto para ler e dar uma água na boca.

Boa Leitura!


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